A verdade fundamental de que o matrimônio seja algo genuinamente formado por um homem e uma mulher não é, nem nunca foi, de ordem religiosa, mas natural.
Nesta polêmica sobre as uniões homossexuais, é recorrente a
acusação de que aqueles que se posicionam contrários a essas propostas sejam
motivados por preconceito ou fundamentalismo religioso. Acusação nada mais
falaciosa, pois a verdade fundamental de que o matrimônio seja algo
genuinamente formado por um homem e uma mulher não é, nem nunca foi, de ordem
religiosa, mas natural. Por isso não é justa a argumentação laicista que
pretende excluir os católicos dessa discussão, pois ela fere diretamente o ordenamento
jurídico da sociedade e sua moral. Quando a Igreja se posiciona nestes temas relacionados à
moralidade - leia-se aborto, uso de células-tronco embrionárias, camisinha,
etc. - ela não o faz por dogmatismos, mas por fidelidade à racionalidade. Assim
recordava o Santo Padre Bento XVI no seu discurso ao Parlamento Alemão: "o
cristianismo nunca impôs ao Estado e à sociedade um direito revelado, um
ordenamento jurídico derivado duma revelação. Mas apelou para a natureza e a
razão como verdadeiras fontes do direito". A equiparação das relações homossexuais ao matrimônio nasce
justamente de uma frágil compreensão a respeito da pessoa humana. Entende-se
"pessoa" como apenas o aspecto consciente e volitivo do eu. Neste
sentido, o corpo seria um mero instrumento e não parte constitutiva da pessoa
humana. Com efeito, quando se aceita essa proposição dualista do ser humano,
abre-se espaço para qualquer tipo de relação, pois a unidade pessoal não seria
mais através dos corpos, ao contrário, as pessoas se uniriam emocionalmente.
Ora, salta aos olhos o absurdo desse raciocínio. Contra essas proposições, o professor de jurisprudência da
Universidade de Princeton, Robert P. George, recorda o direito matrimonial
histórico e aquilo que Isaiah Berlin (1909-1997) chamou de tradição central do
pensamento ocidental. Segundo o professor, "longe de ser um mero
instrumento da pessoa, o corpo é intrinsecamente parte da realidade pessoal do
ser humano". Dessa maneira, George conclui que "a união corporal é,
pois, união pessoal, e a união pessoal integral - a união conjugal - está
fundada na união corporal". O que Robert P. George defende pode ser claramente encontrado
na Teologia do Corpo do Bem-aventurado João Paulo II, ou seja, a unidade
pessoal do homem e da mulher que decorre do ato sexual. Quando ambos se unem
formam um único organismo. Isso só é possível graças à natureza sexual do homem
e da mulher. Mesmo que o casal seja estéril, a sua relação forma um único
organismo, pois seus órgãos estão naturalmente ordenados para essa união. E
aqui, a crítica da ideologia gay cai por terra, já que nenhum de seus órgãos
são capazes de se unirem de fato num único organismo, como acontece na união
sexual entre heterossexuais. Ainda sobre o raciocínio de Robert P. George, vale a pena
citar este parágrafo de um artigo seu publicado na Revista Communio: "O que é singular acerca do casamento é o fato de se ver
verdadeiramente uma partilha integral de vida, uma partilha fundada na união
corporal tornada singularmente possível pela complementaridade sexual de homem
e mulher - uma complementaridade que torna possível a dois seres humanos
tornarem-se, na linguagem bíblica, uma só carne - e que, portanto, torna
possível a esta união de uma só carne ser o fundamento de um relacionamento no
qual é inteligível a duas pessoas se ligarem uma a outra em votos de
permanência, monogamia e fidelidade".Fica claro, assim, que de forma alguma a Igreja está privando
os homossexuais de um direito civil ou marginalizando-os, como alguns mal
intencionados querem sugerir. Muito pelo contrário, a Igreja apenas questiona
as expressões de "amor" que não estão fundamentadas na verdade acerca
do ser humano e as ideologias interessadas em solapar a família, privando-a de
sua identidade. Aprovar as uniões homossexuais é dar carta branca para todo
tipo de união que, a pretexto de um sentimentalismo duvidoso, queira exigir do
Estado direitos e subsídios que, a priori, deveriam pertencer somente à
família. Apesar dessa lamentável decisão dos políticos, a Igreja
continuará a defender a dignidade da família e os seus direitos. A Igreja
continuará firme na defesa do sagrado matrimônio, pois crê na verdade
fundamental e tantas vezes lembrada pelo Papa Emérito Bento XVI de que
"nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só
existe matrimônio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da
recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das
suas pessoas." Fonte: SITE DO PE.
PAULO RICARDO
Nesta polêmica sobre as uniões homossexuais, é recorrente a
acusação de que aqueles que se posicionam contrários a essas propostas sejam
motivados por preconceito ou fundamentalismo religioso. Acusação nada mais
falaciosa, pois a verdade fundamental de que o matrimônio seja algo
genuinamente formado por um homem e uma mulher não é, nem nunca foi, de ordem
religiosa, mas natural. Por isso não é justa a argumentação laicista que
pretende excluir os católicos dessa discussão, pois ela fere diretamente o ordenamento
jurídico da sociedade e sua moral.
Quando a Igreja se posiciona nestes temas relacionados à
moralidade - leia-se aborto, uso de células-tronco embrionárias, camisinha,
etc. - ela não o faz por dogmatismos, mas por fidelidade à racionalidade. Assim
recordava o Santo Padre Bento XVI no seu discurso ao Parlamento Alemão: "o
cristianismo nunca impôs ao Estado e à sociedade um direito revelado, um
ordenamento jurídico derivado duma revelação. Mas apelou para a natureza e a
razão como verdadeiras fontes do direito".
A equiparação das relações homossexuais ao matrimônio nasce
justamente de uma frágil compreensão a respeito da pessoa humana. Entende-se
"pessoa" como apenas o aspecto consciente e volitivo do eu. Neste
sentido, o corpo seria um mero instrumento e não parte constitutiva da pessoa
humana. Com efeito, quando se aceita essa proposição dualista do ser humano,
abre-se espaço para qualquer tipo de relação, pois a unidade pessoal não seria
mais através dos corpos, ao contrário, as pessoas se uniriam emocionalmente.
Ora, salta aos olhos o absurdo desse raciocínio.
Contra essas proposições, o professor de jurisprudência da
Universidade de Princeton, Robert P. George, recorda o direito matrimonial
histórico e aquilo que Isaiah Berlin (1909-1997) chamou de tradição central do
pensamento ocidental. Segundo o professor, "longe de ser um mero
instrumento da pessoa, o corpo é intrinsecamente parte da realidade pessoal do
ser humano". Dessa maneira, George conclui que "a união corporal é,
pois, união pessoal, e a união pessoal integral - a união conjugal - está
fundada na união corporal".
O que Robert P. George defende pode ser claramente encontrado
na Teologia do Corpo do Bem-aventurado João Paulo II, ou seja, a unidade
pessoal do homem e da mulher que decorre do ato sexual. Quando ambos se unem
formam um único organismo. Isso só é possível graças à natureza sexual do homem
e da mulher. Mesmo que o casal seja estéril, a sua relação forma um único
organismo, pois seus órgãos estão naturalmente ordenados para essa união. E
aqui, a crítica da ideologia gay cai por terra, já que nenhum de seus órgãos
são capazes de se unirem de fato num único organismo, como acontece na união
sexual entre heterossexuais.
Ainda sobre o raciocínio de Robert P. George, vale a pena
citar este parágrafo de um artigo seu publicado na Revista Communio:
"O que é singular acerca do casamento é o fato de se ver
verdadeiramente uma partilha integral de vida, uma partilha fundada na união
corporal tornada singularmente possível pela complementaridade sexual de homem
e mulher - uma complementaridade que torna possível a dois seres humanos
tornarem-se, na linguagem bíblica, uma só carne - e que, portanto, torna
possível a esta união de uma só carne ser o fundamento de um relacionamento no
qual é inteligível a duas pessoas se ligarem uma a outra em votos de
permanência, monogamia e fidelidade".
Fica claro, assim, que de forma alguma a Igreja está privando
os homossexuais de um direito civil ou marginalizando-os, como alguns mal
intencionados querem sugerir. Muito pelo contrário, a Igreja apenas questiona
as expressões de "amor" que não estão fundamentadas na verdade acerca
do ser humano e as ideologias interessadas em solapar a família, privando-a de
sua identidade. Aprovar as uniões homossexuais é dar carta branca para todo
tipo de união que, a pretexto de um sentimentalismo duvidoso, queira exigir do
Estado direitos e subsídios que, a priori, deveriam pertencer somente à
família.
Apesar dessa lamentável decisão dos políticos, a Igreja
continuará a defender a dignidade da família e os seus direitos. A Igreja
continuará firme na defesa do sagrado matrimônio, pois crê na verdade
fundamental e tantas vezes lembrada pelo Papa Emérito Bento XVI de que
"nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só
existe matrimônio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da
recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das
suas pessoas."
Fonte: SITE DO PE.
PAULO RICARDO