O
Cânon Bíblico é a lista dos livros sagrados que compõe a Bíblia Cristã. Esta
lista também é chamada de lista canônica ou lista dos livros canônicos ( =
livros autorizados). A palavra “Bíblia” vem do grego “ biblos” que significa biblioteca.
Assim, a Bíblia é uma “biblioteca”,
porque é composta por um conjunto de livros que os cristãos crêem serem
inspirados por Deus. A redação dos
livros sagrados começou por volta do século XV a.C e somente se encerrou no
final do século I d.C.
Ao
contrário do que muitos pensam a Bíblia não caiu do céu organizada como um
único livro. Para reunir os livros sagrados em um único volume, antes foi
necessário saber quais eram eles e a
Bíblia, como um único livro, não foi assim entregues pelos Apóstolos.
Antes
que fosse possível reunir os livros sagrados em um único volume, foi necessário
saber quais eram estes livros. A Sagrada Escritura em nenhum lugar define a sua
lista de livros sagrados; o índice por si mesmo também não é um “rol” inspirado,
mas uma criação humana visando facilitar a localização dos diversos livros
sagrados existentes nessa “biblioteca” chamada Bíblia.
Não
havia nos primeiros séculos da Era Cristã um consenso sobre quais livros do AT deveriam ser considerados canônicos.
A mesma dúvida pairou sobre alguns livros do NT. Desta forma, nos primeiros séculos, alguns livros eram aceitos
por toda a igreja, enquanto outros tinham sua inspiração contestada ou posta em
dúvida. Por esta razão, alguns livros que hoje se encontram na Bíblia, só foram
considerados canônicos mais tarde. Considerando tudo isso, os livros canônicos
que compõe a Sagrada Escritura são
classificados quanto ao reconhecimento de sua canonicidade com: Protocanônicos e Deuterocanônicos.
Os
Protocanônicos (proto = primeiro,
canônicos = autorizados) são aqueles que jamais tiveram sua canonicidade
contestada, isto é, são aqueles que sempre foram considerados inspirados por
Deus.
Os
Deuterocanônicos (deutero = depois, canônicos = autorizados) são aqueles
que foram considerados canônicos mais tarde, pelo fato de ter havido
inicialmente alguma dúvida quanto à sua inspiração e consequente canonicidade. Há
ainda aqueles que inicialmente foram considerados canônicos e posteriormente
não, incrementando assim o conjunto dos livros “Apócrifos”.
Existem
livros Protocanônicos e Deuterocanônicos
tanto para o Antigo Testamento
quanto para o Novo Testamento.
São
relacionados como Deuterocanônicos
do Antigo Testamento: Tobias, Judite,
Eclesiástico, Ester, Baruc, 1º Macabeus, 2º Macabeus. Também são
deuterocanônicos do Antigo Testamento
os acréscimos no livro de Ester (10,4 a 16, 24 e no livro de Daniel (“O cântico dos três jovens correspondendo
aos versículos 24 a 90 do capítulo 3; “ História de Susana” e “Bel e o Dragão”
correspondendo respectivamente os capítulos 13 e 14). São
relacionados como Deuterocanônicos
do Novo Testamento: 2º Pedro, 2º João,
3º João, Tiago, Judas, Hebreus e o Apocalipse.
O
discernimento da lista dos livros sagrados pela Igreja foi resultado de um longo
e gradativo processo de amadurecimento teológico e espiritual sob a condução do
Espírito Santo. O
discernimento do Cânon Bíblico depende de algo que é exterior aos livros
sagrados. Isto significa que a Bíblia não se forma por sí mesma e nem se autoriza
por sí própria. A sua legitimidade depende de algo que lhe é exterior. Por
exemplo: O Pentateuco sempre foi considerado canônico pelos judeus, não por sí
mesmos, mas porque tinham origem na Tradição judaica e em Moisés que tinha
autoridade de seu legítimo Magistério ( cf. Êxodo 18,13-14) e ( Mateus 19,7-8).
Um
outro exemplo são os escritos dos profetas. A autoridade destes livros não
tinham origem em sí mesmos, mas no anúncio dos profetas ( Tradição) ou porque
sua autoria é atribuída a homens que eram legitimamente autorizados por Deus
(Magistério).
Desta
forma, atribuição de autoridade Divina a um livro, isto é, a definição de sua
canonicidade sempre dependeu da autoridade de algo que é exterior ao livro: A
Tradição que deu origem (e que portanto lhe é anterior) e o Magistério
legitimamente estabelecido por Deus, reconhecido como seu legítimo guardião e
difusor. A atribuição da autoria de muitos livros canônicos também dependeu da
Tradição e do Magistério da Igreja.
Autor:
Jaime Francisco de Moura
Fonte:
“O Cânon Bíblico” – A Origem da Lista
dos Livros Sagrados