Para o padre Católico Juan Solana, foi o equivalente
espiritual a descobrir uma jazida de petróleo.
Quando ele começou a construir um hotel para peregrinos
cristãos na Galileia, desencavou a suposta cidade natal de Maria Madalena e uma
antiga sinagoga onde os especialistas dizem que Jesus pode muito bem
ter passado seus ensinamentos.
Solana, diretor do Instituto Pontifício Centro Notre Dame de
Jerusalém, que oferece acomodações para os erguer um hotel para 300
pessoas, um restaurante e um centro de oração e contemplação. Os alvarás de
construção saíram em 2009.
Antes que as obras pudessem começar, faltava apenas realizar
uma escavação arqueológica no local. A Igreja Católica e os arqueólogos
enviados pela Autoridade de Antiguidades de Israel não esperavam encontrar nada
de significativo no terreno.
Mas as suas pás atingiram a história menos de meio metro
abaixo da superfície: um banco de pedra que, logo ficou evidente, era parte dos
restos de uma sinagoga do século 1°., uma entre apenas sete sabidamente
existentes do período do Segundo Templo, e a primeira a ser encontrada na
região da Galileia.
Uma moeda foi datada do ano 29 - quando Jesus estava vivo.
Logo ficou claro que o local era Magdala.
A escavação revelou um mercado e uma área separada de
cômodos com tanques adjacentes, presumivelmente utilizados para salgar e secar
peixes; uma casa grande ou edifício público com mosaicos, afrescos e três
banhos rituais; uma colônia de pescadores; e um trecho de um porto do século
1°.
A descoberta obrigou a uma mudança no projeto de construção,
de forma a incorporá-la. O novo centro espiritual já foi concluído, com um
altar em forma de barco que combina com uma vista para o porto e para o mar da
Galileia.
"Jesus costumava pregar às multidões do barco de Pedro,
então tentamos reproduzir essa ideia aqui", disse o padre Solana.
A sinagoga tinha características incomuns, incluindo um
bloco de pedra que os arqueólogos dizem ter provavelmente sido usado como mesa
para a leitura da Torá, o livro sagrado judaico.
Está entalhada com colunas e arcos, uma menorá de sete
braços e carruagens de fogo. A pedra parece ser uma miniatura do Segundo
Templo, em Jerusalém, que foi destruído no ano 70.
Arfan Najar, um dos administradores da escavação
de Magdala, disse que todas as pedras lá encontradas eram do século 1°. "É
a janela que estava faltando", disse ele. "Jesus na Galileia."