Apologética Católica

 Religião, Política e Fundamentalismo 


      Será que a derrubada da Irmandade Muçulmana no Egito assinala o fim do Islã político? Muitos gostariam que sim, mas eu duvido muito. O acadêmico francês Olivier Roy, que publicou o livro “O fracasso do Islã político” em 1992, disse à revista “The Economist” que o governo da Irmandade implodiu porque não soube dirigir um Estado moderno. Ele disse que o governo de Mohamed Mursi tentava islamizar uma sociedade já muito religiosa, e que o Islã não tem as prescrições detalhadas necessárias para dirigir um Estado moderno. Neste ponto eu concordo em parte. Mursi não soube construir alianças políticas com outros partidos islamitas, e muito menos com os partidos da oposição, uma coisa que seria essencial para o sucesso do seu governo. Na Turquia e no Marrocos, partidos islamitas se viram necessitados a compartilhar o poder com outros partidos políticos para permanecerem no poder.

      O Ocidente tem que se dar conta de que os egípcios progressistas e esquerdistas são uma minoria no país, e que a maioria é religiosa e conservadora. A embaixadora americana no Cairo, Anne Patterson, sabe disso e por isso teceu uma política americana de tentar se aproximar da Irmandade depois de décadas de negligência. “Anne tem desde seus primeiros dias no Egito notado quer os egípcios são os contatos favoritos dos centros de estudos de Washington, do Congresso americano e do Departamento de Estado. São talvez talentosos e criativos, mas não são necessariamente representativos dos 80 milhões de egípcios”, disse um oficial americano ao site Daily Beast.

      Afirma Salman Rushdie: “O islamismo só sobreviverá se conseguir se reinventar a partir dos princípios democráticos de liberdade de expressão, tolerância religiosa e paz”. “Escritores, estudiosos, intelectuais e artistas que assumem posição contra a ortodoxia (fundamentalismo) ou o fanatismo sofrem perseguições”.

                                                             Conclusão

     Hans Keilson (1909-2011) foi o último sobrevivente de uma geração de escritores judeus-alemães exilados por causa do nazismo. Fugiu ao destino de Erich Mühsam e Paul Kornfeld, assassinados em campos de concentração, e de Walter Benjamin e Ernst Toller, que se suicidaram no exílio. “A morte do inimigo” – uma tradução mais precisa do título seria “A morte do oponente” ou “do adversário” – é seu romance mais importante e sua segunda obra publicada no Brasil.

      Nascido em Bad Freienwalde, Keilson se mudou para Berlim ainda jovem. Tocou jazz em bares para financiar seu curso de medicina. Já médico, participou do movimento de resistência no exílio holandês que o acolheu em 1936, e, após a guerra, tratou de crianças e adolescentes judeus traumatizados – os “órfãos do Holocausto”.

      Religião, política e fundamentalismo são misturas incendiárias, incontroláveis e catastróficas. Prova a história que esses três ingredientes são causas das maiores tragédias no decurso da humanidade.

      Fascismo, nazismo e comunismo adentraram no cenário religioso ocultista, culto a personalidade e terrível fundamentalismo político ideológico. Daí aconteceu a maior carnificina dos tempos modernos.

      Pode haver diálogo e soluções em vários campos da modalidade humana, menos na conexão: religião, política e fundamentalismo. Essa é a trindade suprema da intolerância mortal.

      Nada é mais desumano do que o fundamentalismo religioso. Entra aqui o império das seitas e das sociedades secretas com o fanatismo e esquemas maquiavélicos.

      Em nossa pós-modernidade deve-se gritar pelo bom senso, justiça, liberdade, harmonia entre todos, respeito total, soluções profissionais e caridade abissal.

 

Pe. Inácio José do Vale

Pesquisador de Seitas

Professor de História da Igreja

Instituto de Teologia Bento XVI

Sociólogo em Ciência da Religião

 

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